Como a descoberta aconteceu
O evento foi localizado pelo Zwicky Transient Facility (ZTF), levantamento astronômico realizado no Observatório Palomar (Califórnia, EUA). Graças à IA chamada Lightcurve Anomaly Identification and Similarity Search (LAISS), os astrônomos conseguiram detectar o brilho incomum da estrela meses antes da explosão.
A partir dessa detecção inicial, grandes observatórios do mundo direcionaram rapidamente suas observações ao fenômeno, que ocorreu a cerca de 730 milhões de anos-luz da Terra.
Segundo os dados, a estrela vinha aumentando gradualmente seu brilho por quatro anos, até explodir. Curiosamente, após o colapso, o brilho da SN 2023zkd não apenas diminuiu como em supernovas tradicionais, mas voltou a crescer em intensidade — comportamento atípico que intrigou os cientistas.
A supernova pode ter se originado do estresse gravitacional entre a estrela e um buraco negro companheiro.
Uma hipótese inicial era que o buraco negro tivesse “espaguetificado” a estrela (processo no qual a gravidade a estica e comprime como um fio de macarrão).
No entanto, os dados sugerem que, em vez de ser destruída de imediato, a estrela entrou em colapso ao tentar resistir à atração gravitacional, originando a explosão inédita.
Alex Gagliano, principal autor do estudo, afirmou que sem a IA “teríamos perdido os sinais iniciais do disco ao redor e a presença do companheiro buraco negro”, reforçando a importância da tecnologia para entender fenômenos cósmicos que seriam invisíveis à observação humana no tempo certo.
IA astronômica inspirada no Spotify
O LAISS funciona de maneira similar ao Spotify: enquanto o aplicativo recomenda músicas com base em padrões de preferência, a IA compara propriedades de estrelas observadas com milhões de registros em bancos de dados astronômicos. Quando encontra algo “fora da curva”, envia uma notificação automática para que os pesquisadores façam o acompanhamento imediato.
Essa metodologia está revolucionando a forma como os astrônomos trabalham, permitindo a descoberta de explosões raras sem depender exclusivamente da sorte.
A descoberta da SN 2023zkd reforça o papel crescente das inteligências artificiais na astronomia moderna. Eventos assim ajudam a compreender os mecanismos de formação de supernovas e a interação entre estrelas e buracos negros, trazendo novas pistas sobre os limites da gravidade e da evolução estelar.